12 de agosto de 2018

A voz que não posso esquecer

Promessa vazia e momentânea de nunca desistir dos meus sonhos porque você acreditava em mim muito mais do que eu algum dia vou ser capaz de acreditar. Constatação daquilo que eu gostaria que não fosse verdade. Vez em que me encontro como de costume, odiando mentiras que contei pro mundo fingindo que o mundo era você, odiando mentiras que contei pra mim mesma. Sem mentiras aqui: não sei como não desistir de sonhos e antes, ainda antes, não sei como não desistir de mim.

Medo de me esquecer do timbre da sua voz. Eu disse que nunca me esqueceria. Me apavora a possibilidade de um dia me esquecer. Boba que sou. Quando se trata da sua voz, deveria ter mais medo de perder de vista aquilo que ela transmitia, não o timbre. E constantemente, o timbre é mais audível que qualquer discurso ou mera palavra. Pra você ver.

Eu deveria mais é me apavorar e me repreender toda vez que me esqueço dos seus olhos gentis e orgulhosos de mim que nem precisavam de complemento verbal — que mesmo assim vinha. Sinto o ar gelado de agosto cruzar esse buraco da falta que você faz, mas ele é só uma brisa. Não minto quando digo que essa saudade hoje muito mais me aquece que me machuca. O que vem em forma de ventania é aquele que atinge esse da falta que uma versão melhor de mim que sequer sei se já existiu me faz. A voz que não posso esquecer diria que já. Quero acreditar que ela estaria certa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário