21 de julho de 2013

A fuga


A garota se sentou no canto do quarto, onde não se ouvia nem mesmo o barulho do orvalho caindo. É verdade que com as janelas fechadas ela se sentia sufocada. Mas o sufoco não era tão grande quando ela segurava o lápis. Segurava como se fosse uma porcelana e conforme arrastava-o no papel, mais se libertava. De certa forma, aquelas palavras descontorcidas eram o que se passava em sua mente um tanto bagunçada. As frases que eram formadas, quando juntas não faziam o mínimo sentido. E era o objetivo. Não fazer sentido. Porque apesar de procurá-lo, ela o detestava. Detestava o fato das coisas precisarem fazer sentido pra funcionar. Detestava os fatos. E às vezes, quando tinha tempo, fugia deles. Mesmo que apenas durante poucos minutos pudesse correr pra lugar nenhum. Era, afinal, disso que ela gostava: se perder pra se encontrar.


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