20 de abril de 2014

Madrugo


São duas e duas da manhã. Escrevo esse número em forma de palavra não por acaso, mas por necessidade (meu teclado resolveu não dar a luz mais ao dois e ao três). Aqui madrugo, nessa caixa branca e vaga, que me faz pensar um milhão de coisas que não são capazes de preenchê-la. Meus dedos não seriam capazes de realizar esse trabalho nem se quisessem.

Faz tempo que não venho aqui trabalhar meu ócio enquanto observo as estrelas desaparecerem diante dos meus olhos. A escuridão toma conta do céu e a claridade tenta invadir o espaço que meus olhos (e minha mente) alcançam, o que faz com que seja impossível as estrelas existirem naquele momento. Logo elas, as estrelas. Sim, logo elas.

Estar aqui escrevendo todas essas coisas me faz bem. Eu me sinto livre quando escrevo. As palavras têm esse dom de me libertarem quase que por completo. É um alívio pra quando meu coração sente-se sufocado (como agora) e um calor pra quando sente-se frio. Às vezes é o oposto. Mas seja aquecendo, aliviando, congelando ou apertando, continua me libertando. Crio asas e de repente sou só eu e o universo, flutuando na imensidão.

Existem horas em que eu preciso do absoluto silêncio. Em outras, só consigo desenhar poesia acompanhada do som. Escrever é isso. Melancolia pura. As palavras têm vontade de ser. Elas são. E elas gostam de ser ouvidas. E eu as ouço. Hoje, depois de um longo período as ignorando, resolvi mudar o rumo da nossa união. Aqui estamos. Madrugando. Eu e as palavras. E as estrelas transparentes.

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