11 de junho de 2014

O palco e eu



   Uma hora ou outra, a gente é obrigado a encarar o temido, pulsante, emocionante e revelador: o palco. O palco é aquele lugar onde a gente encara a realidade de outro ângulo: lá a gente é protagonista da nossa história; lá nós ouvimos aplausos e as mãos nossas que batiam palmas passam a segurar o microfone. Às vezes a gente nem é realmente quem a gente é fora dele; mas lá a gente é gente.
   Subi em palcos durante 6 anos da minha vida, ele meio que se tornou meu amigo íntimo. E mesmo assim, todas as vezes existia um sentimento tão esplendoroso que não podia ser descrito. O estômago borboletava na mesma hora, minhas mãos ficavam geladas e pálidas. E quando eu saía de trás das cortinas e não conseguia identificar um só rosto na multidão é que tudo fazia sentido, porque de repente parecia que o mundo inteiro tava ali pra testemunhar a minha felicidade, a rota da minha sapatilha. E junto com um monte de gente como eu, trilhava os passos e rebolados com um sorriso que não cabia em mim.
   Ontem, depois do meu regime de 1 ano e meio, eu novamente entrei em um palco. Não usava toda a maquiagem glamurosa das noites da esperada apresentação de dança nem minhas sapatilhas. Estava ali de todo o coração, com a voz e a coragem. O trabalho agora era das minha cordas vocais, não dos meus pés; meu corpo se mostrava de dentro pra fora e não o contrário. Mais do que isso, era só eu. O retorno ao meu aconchego foi impactante, de súbito; e era só eu. Eu e o palco, nos reencontrando e matando a saudade. Mesmo com toda a simplicidade, o nervosismo me foi muito maior ali, porque eu não era uma das meninas de um grupo de dança; eu era a garota que teve a cara de subir sozinha ao palco pra liberar todo o som que existia dentro de si. Tudo bem, eu fui uma das garotas que subiu lá. Mas no meu momento, só meu momento, eu fui a garota que subiu ao palco. E que ainda não consegue compreender que aquilo foi real. Tudo está voltando aos eixos.

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