28 de julho de 2014

Béeeeeng!


   Já era hora do sino bater. Só mais cinco minutos, eu dizia. Só que aí eu lembrei que o tempo não se alinha ao despertador e nós éramos pessoas no meio daquela multidão, ambos esperando a tal da meia noite, embora não quiséssemos. Mas esperamos. A hora em que podíamos fazer pedidos às estrelas, mas também a hora em que o sapato de cristal fica pra trás. E claro, a hora em que o baile acaba. No caso, não houve um só pedaço de vidro deixado. Quando aconteceu, só consegui enxergar a música que tocava ao fundo e você se desmanchando sem deixar pistas de onde estaria depois. E eu entendi o porquê: não haveria depois. O momento fora aquele e somente aquele. Raramente a vida tem a gentileza de nos deixar um sapatinho. Na maioria das vezes, não tem segundas chances, só aquela, antes do apito final. E o maior erro, o dos covardes, é olhar pro relógio e simplesmente esperar. Foi o que eu fiz. O que ambos fizemos. Esperamos e ao invés de olharmos para nós mesmos e um para o outro, encaramos o frio e calculista contador de parede. E continuamos a fazer. Sem parar.
Até que parou.
Bateu.
Acabou o nosso tempo antes que pudesse ser nosso.



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