17 de janeiro de 2015

Inexistencialismo

amor de papel
que fazes por aqui?

apareces colorido
azul, rosa, lilás, amarelo.
e revela-te ferido
nem mesmo
preto e branco

espanto.

eras (vestida de) alegria
eras (des)ânimo
eras o (fá) bem(ol)

tatuagens cobertas
frases manchadas
ironias espertas
estrelas caladas

como pude
não perceber
que o tempo todo
eras mau machê?

verdade inconveniente
essa de ser
inocentemente
culpada

corro e quebro-te.
grito e arremesso-te.
gritei que fosses e não voltasses.
chorei e implorei,
e você, calorosamente,
aceitou.
e foi.

recupera-te, linda flor
encarava enquanto cantarolava
e esquecia o passado
que um dia teve valor

cultivei-te novo, amor
meus sorrisos eram como sol
alimentavam tua fome
e minhas palavras de vidro
tornavam-te maior
crescido

meus olhos
não puderam
acreditar
a visão estava mesmo lá?

murmurei a todas as janelas
e sussurrei a todas as portas
por que as primeiras imagens
são sempre tão belas
e depois
se revelam?

silêncio.
nem luz nem vento.
me atento
e então
compreendo.

os sorrisos
e as palavras
eram todos
de crepom.

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