amor de papel
que fazes por aqui?
apareces colorido
azul, rosa, lilás, amarelo.
e revela-te ferido
nem mesmo
preto e branco
só
espanto.
eras (vestida de) alegria
eras (des)ânimo
eras o (fá) bem(ol)
tatuagens cobertas
frases manchadas
ironias espertas
estrelas caladas
como pude
não perceber
que o tempo todo
eras mau machê?
verdade inconveniente
essa de ser
inocentemente
culpada
corro e quebro-te.
grito e arremesso-te.
gritei que fosses e não voltasses.
chorei e implorei,
e você, calorosamente,
aceitou.
e foi.
recupera-te, linda flor
encarava enquanto cantarolava
e esquecia o passado
que um dia teve valor
cultivei-te novo, amor
meus sorrisos eram como sol
alimentavam tua fome
e minhas palavras de vidro
tornavam-te maior
crescido
meus olhos
não puderam
acreditar
a visão estava mesmo lá?
murmurei a todas as janelas
e sussurrei a todas as portas
por que as primeiras imagens
são sempre tão belas
e depois
se revelam?
silêncio.
nem luz nem vento.
me atento
e então
compreendo.
os sorrisos
e as palavras
eram todos
de crepom.
17 de janeiro de 2015
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário